4º Encontro do Semear discute o respeito às diferenças

"Esse espaço aqui é a oportunidade de a gente trazer boas notícias, animando uns aos outros para a gente mudar essa história e acreditar nessa travessia", definiu a deputada Neusa durante o encontro

Salvador-BA - Diversidade, emoção e esperança marcaram o quarto encontro virtual do SEMEAR, curso de formação política voltada para as juventudes, rural e urbana, realizado pelo mandato da deputada estadual Neusa Cadore (PT). Na noite desta quinta-feira (11), o tema foi "Democracia, juventude e diversidade: respeito às diferenças!". O evento contou com participantes de mais de 30 municípios para debater e trocar experiências com Iã Silva, do Coletivo Nacional de Juventude Negra Enegrecer; Mitchelle Meira, integrante do Coletivo CORES LGBTI+ e secretária LGBT do PT do Ceará, e Thayna Araújo, militante da Marcha Mundial das Mulheres.

Mediado pelo Professor Durval Cerqueira e o artista Clécio Santana - e sua personagem Dona Risolleta - a quarta edição começou com o poderoso samba-reggae do Projeto Educativo Cultural Afro Som, de Capim Grosso, trazendo cantos fortes de exaltação ao povo negro, de grupos como Olodum e Muzenza. Antes da formação da mesa, Luiz Kaky, jovem trans de Santa Maria da Vitória, emoção os participantes ao falar de sua experiência de acolhimento por parte de sua família, mas muito preconceito na sua cidade.

Abrindo a mesa, a potiguar Thayna Araújo, falou sobre a importância do encontro para a juventude e a luta da Marcha.

"Eu também sou fruto de espaços de formação como esse. É importante nos organizar e mostrar a potencialidade das mulheres e das juventudes. Nós mulheres somos as que mais sofremos com a atuação desse desgoverno, por isso a Marcha Mundial das Mulheres é um movimento permanente. Precisamos mudar a vida das mulheres para mudar o mundo", destacou.

Na sequência, o tocantinense Iã Silva destacou o poder da resistência.

"A angústia se abate sobre jovens de todo o país nesse momento, por isso se acende uma chama no meu peito, a chama da esperança de um mundo possível para a gente. Que a gente possa continuar, porque isso é a resistência que nos une. Acreditar num mundo melhor é justiça social", finalizou.

A cearense Mitchelle Meira fez um retrospecto da luta LGBTQIA+ e dos avanços obtidos durante os governos do PT.

"A gente precisa trabalhar numa perspectiva de acabar com a LGBTfobia no Brasil. O movimento LGBT se iniciou no final dos anos setenta, durante o período da Ditadura Militar, com muita gente presa, principalmente as pessoas trans, eram presas cotidianamente. Nos anos 90, infelizmente, vem a epidemia mundial da AIDS, trazendo ainda mais preconceito para a população LGBT."

"Nos anos 2000, no mandato de Lula, a gente já começou a ter uma inserção nos movimentos de diálogos com o governo pra dizer que não queríamos ser só pautados na saúde, nós queríamos ter direito à cultura. Em 2004, conseguimos levar o 'Brasil Sem Homofobia' para diversas secretarias, discutir LGBTfobia nas escolas, a permanência da população LGBT nos espaços de conhecimento. E depois, em 2008, a gente constrói as conferências com a participação popular. Nesse momento a gente luta pra existir, o momento mais cruel pós-ditadura militar. O movimento LGBT não parou de lutar", historiou Mitchelle Meira.

Na sua fala, a deputada Neusa celebrou a presença de uma juventude tão diversa.

"Estou bastante emocionada com tantos depoimentos. Vimos que é nos organizando que a gente consegue desorganizar essa opressão que está afetando tanto nossa vida. O tema da democracia hoje é muito caro pra gente. Não existe democracia sem respeito, sem considerar a nossa diversidade e a riqueza que é isso. A gente tá aqui pra dizer que o respeito vai ser conquistado pelas pessoas que fazem a resistência", enfatizou.

"Eu acho que o nome do nosso curso de formação é muito apropriado: SEMEAR. Essa tem que ser uma disposição nossa de todos os dias, a gente está semeando com gente do Brasil todo, de várias gerações. Vamos em frente que esse é um processo contínuo e muito enriquecedor. Esse espaço é a oportunidade de a gente trazer boas notícias, animando uns aos outros para a gente mudar essa história e acreditar nessa travessia", concluiu a parlamentar.

O próximo encontro do SEMEAR está marcado para o dia 18 de novembro, às 19h, com o tema "Juventude e Estado de Direitos: como impedir a morte da Democracia"