Nesta sexta-feira, 17 de setembro, completam-se 50 anos do assassinato do ex-militar Carlos Lamarca, um dos principais líderes do enfrentamento a ditadura militar no Brasil, e seu companheiro José Campos Barreto (Zequinha). Os dois foram mortos pelas forças do Estado brasileiro num massacre que também vitimou Otoniel Barreto e Luiz Antônio Santa Bárbara, além de deixar feridos, espalhar medo e terror nas comunidades de Buriti Cristalino e Pintada, nos municípios de Brotas de Macaúbas e Ipupiara, respectivamente.
A deputada estadual Neusa Cadore apresentou uma Moção na Assembleia Legislativa da Bahia nesta quinta-feira (16), em solidariedade a população dos dois municípios. A parlamentar registrou que a população da região ainda convive com as marcas históricas do trágico acontecimento e resgatou a história de luta e resistência protagonizada por Lamarca e Zequinha.
"Neste momento em que o Brasil convive novamente com as forças do autoritarismo, nosso reconhecimento e homenagem a todos e todas que se rebelaram contra as injustiças sociais e derramaram sangue na luta por um país justo. Com a frase que Lamarca costumava encerrar seus escritos, 'Ousar lutar, ousar vencer', celebramos a memória e cobramos justiça para todas as vítimas da ditadura militar”, afirmou Neusa no documento.
Lamarca e Zequinha se conheceram através da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização política de enfrentamento à ditadura militar. O ex-comandante deixou o exército por se recusar a reprimir trabalhadores e se tornou um dos principais nomes da resistência conta o regime. Já Zequinha liderou importantes greves, como a dos metalúrgicos de Osasco, em 1968, tendo sido preso e torturado pelos agentes do Deops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo. Após se desligar da VPR, Lamarca integra-se ao MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro) e vai ao encontro de Zequinha, instalado na casa da família, em Buriti Cristalino, comunidade de Brotas de Macaúbas. Lá se organizavam e pretendiam estabelecer uma base desta organização, até serem descobertos e assassinados em Pintada, no município de Ipupiara.
Celebração dos Mártires - Por conta dos acontecimentos, o dia 17 de setembro foi instituído como feriado em Brotas de Macaúbas e Ipupiara. Em homenagem aos guerrilheiros mártires e todos que tiveram suas vidas ceifadas, a Igreja Católica e os movimentos populares ergueram um santuário na região onde, desde o ano 2000, são realizadas celebrações em defesa da verdade, da justiça e da memória. Nos últimos anos, as atividades também têm destacado outras lideranças que tombaram na defesa dos direitos, como Josael de Lima (Jota), do município de Barra, e Manoel Dias, de Muquém do São Francisco, ambos mortos por grileiros.
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